
Um importante passo para o restauro da Catedral Metropolitana de Campinas foi dado. O anúncio foi feito no último dia 09/08 na sede da ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campinas) durante coletiva com Adriana Flosi – presidente da associação – o arquiteto Ricardo Leite – coordenador do projeto de restauro da catedral – Manoel Carlos Cardoso – assessor do deputado federal e vice-presidente da ACIC, Guilherme Campos – e o vereador Campos Filho, presidente da Câmara de Vereadores de Campinas.
O Banco Bradesco doou R$ 1,100 milhão para a fase II do projeto, por meio da Lei de Incentivos Fiscais (Lei Rouanet). A verba, somada à doação de R$ 350 mil feita pelo Banco Itaú em 2012, atinge os 20% do valor total da obra – R$ 7,1 milhões –, que a lei exige que estejam depositados em conta específica para o início da execução dos trabalhos. Até o final de 2013 o Bradesco deve destinar mais R$ 400 mil para esta fase do projeto.
O aporte feito pelo Bradesco é o segundo que chega desde que o Ministério da Cultura autorizou a Arquidiocese de Campinas a captar o montante necessário para essa etapa das obras e foi obtido graças à iniciativa conjunta da ACIC e de Guilherme Campos, também responsáveis pela primeira captação de R$ 350 mil junto ao Itaú.
Localizada na Praça José Bonifácio, s/n, no Centro, junto ao calçadão da Rua 13 de Maio, uma das principais artérias do comércio e por onde circula um grande fluxo de pedestres, a Catedral Metropolitana de Campinas é tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e pelo Condepacc. É a principal igreja da Diocese de Campinas e uma das mais antigas da região. Sua construção data do século 19 e sua ornamentação interna foi executada pelo escultor baiano Vitoriano dos Anjos e pelo fluminense Bernardinino de Sena.
Atualmente, o local recebe mais de três mil pessoas por dia e, durante a Jornada Mundial da Juventude, o Museu Arquidiocesano, alocado no interior da catedral, registrou a visitação de mais de mil jovens de diversos países como França, Chile, Indonésia, Polônia, Espanha, Estados Unidos e Canadá, entre outros.
O projeto de restauro visa promover a reabilitação física do edifício e sua readequação funcional, a partir dos parâmetros gerais que regem e regulamentam os procedimentos de restauro, com o objetivo de tornar a catedral um complexo religioso e cultural, apto a tornar-se referência turística da cidade durante os eventos esportivos que ocorrerão no Brasil em 2014 (Copa do Mundo) e 2016 (Olimpíadas).
Na fase I do projeto, em 2004, foi captado R$ 1,58 milhão, valor que foi destinado para a troca do telhado do templo, a restauração do teto, parte da reforma das partes elétrica e hidráulica e a restauração dos três lustres de cristais.
2ª Fase de restauro
De acordo com Ricardo Leite, a fase II, iniciada em 2007 com a elaboração dos projetos, compreende a recuperação das quatro fachadas, da torre e do campanário. Ele explica que os recursos serão destinados para a contratação dos projetos executivos como o de arquitetura, elétrico, luminotécnico, sonorização, prospecção de pintura, ensaios de argamassa e também para a contratação da empresa Concrejato, responsável pela execução das fachadas.
As obras devem ter início em seis meses a partir da assinatura do contrato com a Concrejato, prevista para setembro, e começarão pela torre. Ricardo Leite explica que nesta etapa será feito mais de 25% do trabalho, uma vez que a fachada principal é a mais trabalhosa.
À frente do projeto desde o início da fase I, Ricardo Leite faz um chamamento para toda a comunidade para que haja um maior envolvimento e para que todos colaborem com a restauração. “É necessário uma maior mobilização principalmente por parte dos empresários com respeito à identidade cultural e histórica da cidade. Pela lei, eles podem destinar até 4% do imposto de renda devido a projetos culturais aprovados – como o da catedral – e, assim, contribuir para recuperar o maior patrimônio histórico, artístico, cultural e religioso de Campinas”, explica.
Adriana Flosi endossa as palavras do arquiteto e afirma que toda a sociedade deve se engajar nessa ação. “A catedral é uma referência significativa à história de Campinas. Seu legado vai além do caráter religioso, pois constitui um marco do desenvolvimento urbano do município no século 19”, afirma.
Solicitação de tombamento
Durante o anúncio do início das obras da segunda fase do restauro da Catedral, Adriana assinou um ofício endereçado ao IPHAN – Instituto de Preservação do Patrimônio Artístico Nacional – órgão vinculado ao Ministério da Cultura, solicitando o tombamento da edificação . O objetivo é que a mesma torne-se coberta pela proteção federal, cumprindo assim a determinação da Constituição Federal Brasileira de que os bens culturais devem estar protegidos pelas três esferas: municipal (Condepacc), estadual (Condephaat) e federal (IPHAN).
A proteção requerida abrange a totalidade do edifício, sua ornamentação interna, o órgão Cavaillé-coll, o campanário e a capela do Santíssimo Sacramento.
A preservação da memória de Campinas é uma causa abraçada pela associação, que sempre participou ativamente de projetos de revalorização da região central e de resgate de patrimônios culturais e arquitetônicos de Campinas, como a revitalização da Estação Cultura, o restauro do Palácio dos Azulejos e a reforma do Palácio da Mogiana, de acordo com as normas do Condepacc – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas. “No processo de restauração da catedral, a ACIC está empenhada desde 2000 quando, sob a presidência do Guilherme Campos, foi a primeira entidade a dar apoio institucional ao projeto”, diz Adriana Flosi.