O diretor e ator Daniel Filho foi homenageado no último dia 08/08 na 43º edição do Festival de Cinema de Gramado, cuja programação segue até o dia 15. Daniel Filho recebeu o troféu Cidade de Gramado.
Emocionado, Daniel improvisou um agradecimento aos companheiros de trabalho com os quais conviveu ao longo de sua trajetória: “Não preparei discurso para esta noite, porque prefiro deixar me levar pela emoção. O que penso agora é que devo agradecer muito aos meus colegas, com quem aprendi muito. Nesse momento, lembro de todos os que passaram pelos meus 62 anos de profissão”, disse.
Aos 77 anos de idade, o carioca ostenta um currículo invejável como ator, diretor, produtor e roteirista. Mais de 40 filmes levam sua assinatura de alguma forma, seja na frente ou atrás das câmeras.
No palco – e também nas diversas entrevistas que concedeu ao longo do dia, o homenageado reconheceu a importância do Festival de Gramado, que chega à sua 43ª edição de forma ininterrupta.
“É difícil uma iniciativa durar muito nessa área (do cinema) e nisso incluo o Festival de Gramado. Não lembro de nada do gênero que tenha durado tanto tempo. É nos 43 anos desse evento que está a minha emoção. Ter meu nome nessa galeria de colegas fantásticos que já foram homenageados é uma honra”, comemorou.
Noite cheia na mostra competitiva
Além da emotiva homenagem a Daniel Filho, a segunda noite de exibições do festival apresentou quatro obras em competição. “É uma noite cheia essa”, brincou o ator Leonardo Machado, um dos apresentadores do festival, referindo-se ao fato que das quatro películas exibidas, duas não concorriam aos Kikitos.
O uruguaio “Zanahoria”, de Enrique Buchichio, abriu a noite com uma história inspirada em fatos reais. Os jornalistas Alfredo e Jorge investigam pistas sobre uma operação da ditadura militar a partir de informações de um ex-colaborador dos serviços de inteligência, às vésperas da primeira eleição da esquerda para a presidência do País, em 2004.
“Soube desse fato através de uma crônica jornalística que me despertou curiosidade e questionamentos sobre quantas coisas que ainda estão pendentes de serem reveladas sobre a ditadura”, justificou o diretor.
Já o brasileiro “Introdução à Música do Sangue”, de Luiz Carlos Lacerda, se desenvolve a partir de um argumento do escritor Lucio Cardoso, um dos expoentes, ao lado de Clarice Lispector, do romance psicológico brasileiro: a rotina de uma família do interior do país, na qual os desejos são reprimidos e a transgressão, uma necessidade.
Entre os curta-metragem, “Herói”, produzido por estudantes da USP, com direção de João Pedone e Pedro Figueiredo, e “Muro”, um documentário curto de Eliane Scardovelli, trouxeram olhares sobre as diferenças – o primeiro, enfocava a relação entre uma cuidadora e um jovem doente mental, enquanto o segundo registrava a segregação social representada por um muro entre um condomínio rico e os vizinhos pobres.
Fotos: Cleiton Thiele, Edison Vara e Igor Pires/ Agência PressPhoto