Dos sistemas de segurança para acessar as residências, às formas de assegurar um ambiente doméstico mais adequado, a pandemia mudou o mercado da construção civil – com mudanças nos projetos e tecnologias de uso doméstico e comercial. Seja para adaptar espaços ou para tornar os sistemas mais seguros do ponto de vista sanitário, as transformações são muitas.
Para Boris Madsen Cunha, professor da graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, quem passou pela experiência de trabalhar em casa teve alguma dificuldade estrutural. Por isso os crescentes lançamentos de apartamentos que contemplam um tipo de espaço – seja coletivo ou individual – voltado às atividades de trabalho.
De acordo com o gerente de unidade da construtora A.Yoshii em Curitiba, Erick Takada, “apartamentos com ambientes integrados, principalmente com varandas, estão se mostrando indispensáveis para as pessoas. A vida dentro de casa será cada vez mais valorizada e, por isso, espaços iluminados e flexíveis são cada vez mais desejados. Muitos projetos também já incluem coworkings nas áreas comuns dos condomínios, além de ambientes para home office”, destaca.
Do touch para o touchless
Atualmente, o uso de leitores de digital, bem como de fechaduras que se abrem por meio da inserção de senhas, é amplamente difundido tanto em condomínios residenciais quanto em edifícios comerciais. No entanto, esse tipo de recurso pode ser responsável pela disseminação de doenças como a Covid-19, por exemplo. E, como especialistas alertam que pandemias como a atual podem se tornar cada vez mais comuns, é preciso rever essas ferramentas. “Um caminho provável é a adoção de tecnologias que nos permitam realizar tarefas sem ter contato físico com objetos. Assim como as formas de pagamento por aproximação, isso acontece com as fechaduras das portas, elevadores e catracas”, diz Cunha.
Por isso, soluções como o reconhecimento da íris, da retina ou mesmo do rosto devem ganhar força. O professor também aposta nos recursos de aproximação com o celular ou tags e nas portarias remotas.
Segurança dos imóveis
Segundo o superintendente de Engenharia de Produtos da Tecnobank, empresa brasileira de tecnologia, Isaac Ferreira, o cenário pós-pandemia mostra-se altamente favorável ao avanço do reconhecimento facial – um recurso baseado em algoritmos responsáveis pelo cruzamento de dados e detecção de padrões para garantir que o rosto detectado é de determinada pessoa. E o mercado já se movimentava a favor da migração para essas soluções. Estudos realizados pela Mastercard, em conjunto com a Universidade de Oxford, apontaram que 93% das pessoas preferem usar a biometria em vez de senhas.
Para Ferreira, o reconhecimento facial é uma tendência que oferece segurança, tanto contra fraudes e invasões, quanto em relação à contaminação pelo toque. “O recurso deve ser cada vez mais utilizado nas residências e estabelecimentos comerciais, assim como já acontece nos sistemas antifraude do mercado financeiro e órgãos públicos, como a previdência”, exemplifica.
A vez da voz
O CEO e co-founder da PhoneTrack, startup de inteligência artificial aplicada à voz, Marcio Pacheco, afirma que os speakers – dispositivos com sistema de alto-falante e um assistente virtual que escuta, interpreta e responde a um usuário – já são uma realidade e estão em franca expansão. “Paralelo a isso, tivemos uma pandemia que obrigou o mundo a adotar novas medidas de higiene e distanciamento. E, diante dessa realidade, surge a necessidade de dispositivos chamados touchless (sem toque), como forma de evitar o contato com superfícies comuns a muitas pessoas, como máquinas de pagamento, caixas automáticos, catracas, elevadores, fechaduras, telefones e outros mais”, ressalta, sugerindo que comandos de voz tendem a se tornar cada vez mais presentes nas construções do futuro.