Letícia Zuppi
As lives musicais – apresentações ao vivo geralmente transmitidas pela internet, podendo ocorrer também em alguns canais de TV – já caíram no gosto do público. É possível assistir confortavelmente do seu sofá a sua banda ou artista favorito em apresentações que fogem do habitual.
Embora as lives demandem alguns ensaios para que tudo saia como o planejado, o que se vê geralmente é uma apresentação bastante espontânea em que o artista pode estar sozinho ou acompanhado. As lives são uma oportunidade de assistir a um momento único na carreira do cantor, ver sua autonomia em apresentações solo, ver seu jogo de cintura ao lidar com imprevistos, ver como se conecta com o público em uma diferente plataforma.
Ivete Sangalo, que costuma agitar multidões com sua banda e dançarinos, fez lives solo em que apostou única e exclusivamente em seu potencial vocal e em sua já aplaudida simpatia. O resultado foram lives totalmente discrepantes dos shows que costumam ser vistos da cantora, mas com a mesma energia nata da artista. Já Adriana Calcanhoto, mais acostumada a shows intimistas, fazia uma live bastante tranquila, como se estivesse tocando para um grupo de amigos e não fez segredo para com os espectadores ao confidenciar – quando todos ouviram um grande barulho – que a gata da sua vizinha havia invadido a sua cozinha.
Esta atmosfera irreverente e simplista que as lives instauram, com jeito de “cantando em casa” despretensiosamente, conectam um número bastante alto de espectadores simultâneos, chegando a somar incríveis 2,6 milhões de pessoas, como em live da dupla Sandy e Jr.
Seja em apresentações solos ou não, bonito é ver os artistas se reinventando, mostrando a sua música “nua e crua”, adaptando o que era roteirizado, simplificando. Ressignificar a sua ligação com o público é algo impagável.