“Comida”, de Titãs, tem versão inédita

  • 15 de janeiro de 2021
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Sucesso da banda de rock Titãs, a música “Comida” ganhou uma nova versão no canal da banda no YouTube. A releitura foi feita em comemoração ao 50º Aniversário da Unimed Campinas, patrocinadora exclusiva do clipe. Desta vez, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto se juntaram à Orquestra Anelo, maior grupo instrumental pertencente ao Instituto Anelo, de Campinas-SP, para uma gravação que confere toques jazzísticos à canção escrita em 1987 por Britto, Arnaldo Antunes e o saudoso guitarrista Marcelo Fromer (1961-2001).

Com arranjo do regente Guilherme Ribeiro, “Comida” foi gravada a distância, devido à pandemia do coronavírus (Covid-19), e envolveu 45 pessoas. Além dos 21 músicos da Orquestra e dos três Titãs, a nova versão conta com a participação de 21 integrantes dos coros do Instituto Anelo. A edição de imagens é de Julia Mazzotti Toledo e a mixagem de som de Henrique Manchuria, respectivamente pianista/produtora e trompetista da Orquestra Anelo.

A parceria entre os Titãs e o Instituto Anelo, associação sem fins lucrativos que há 20 anos oferece aulas gratuitas de música na região do distrito do Campo Grande, periferia de Campinas, começou em 29 de dezembro de 2018 no programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo de Televisão. Na ocasião, o grupo cedeu à instituição os direitos autorais da versão remix de “Epitáfio”, feita juntamente com o DJ Alok.

Desde então, a banda tem acompanhado o trabalho realizado pelo Anelo. Em 26 de outubro de 2019, aproveitando um compromisso profissional na cidade, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto visitaram a sede do Instituto pela primeira vez. Já em 26 de junho de 2020, cinco músicos do Anelo participaram da live “Titãs Acústico”, realizada no canal oficial da banda no YouTube. Mais recentemente, o grupo doou instrumentos e equipamentos musicais à instituição.

 

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Parceria

Com a gravação do vídeo de “Comida”, a parceria dá mais um passo importante. Sobre a escolha da canção, Luccas Soares, fundador e coordenador geral do Anelo, afirma: “Essa música fala por si só, ainda mais num momento tão difícil como este que estamos vivendo”. Ele cita, por exemplo, os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em setembro de 2020, sobre o aumento no número de pessoas sem acesso regular à alimentação básica – são 10,3 milhões de brasileiros, 3 milhões a mais em relação ao levantamento anterior.

Sem dúvida, “Comida” é um clássico e segue relevante há três décadas. “Eu nunca imaginei que a música fosse permanecer durante tanto tempo. Aliás, eu nunca imaginei que a gente fosse permanecer tanto tempo como banda e que as nossas canções fossem resistir ao tempo, não só essa como outras. É sempre uma surpresa agradável ver que o que você fez na juventude segue relevante, ainda faz sentido para muitas pessoas e é um recado pertinente”, diz Britto.

Branco faz coro. “Chama a atenção o fato de tantas músicas que gravamos nesses quase 40 anos de carreira continuem fazendo tanto sentido ainda hoje. ‘Comida’ é uma delas, e expressa o desejo e a necessidade que temos de tantas coisas fundamentais na vida. Ninguém previa que tantos anos depois ela continuaria tão atual e presente”, diz.

Para Bellotto, uma das coisas boas de ser de uma banda de rock é que você não pensa nem na próxima semana, quem dirá nos próximos 40 anos. “É claro que, quando a gente fez ‘Comida’, gravou, e ela fez muito sucesso, a gente nunca imaginou que, 30 anos depois, ela ainda estaria presente na vida das pessoas, e de uma maneira mais urgente, mais abrangente. E nem que a gente estaria fazendo novas versões com Elza Soares (lançada em outubro de 2020) e com o Anelo. Ainda bem, porque se a gente pensasse em todas as consequências das coisas que a gente fazia naquela época, talvez a gente nem conseguisse seguir”, coloca.

 

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Gravação

Sobre gravar com a Orquestra Anelo, Britto diz que a experiência foi ótima e diferente. “Eu já conhecia alguns músicos do Instituto Anelo. Mas ver eles tocando aquela metaleira, o arranjo de metais… Ficou maravilhoso, com pitadas de jazz e de rhythm and blues”, disse, ressaltando que o arranjo deu uma cara diferente para uma música que já foi gravada por nomes como Ney Matogrosso e Marisa Monte, além das versões acústicas e elétricas feitas pelos próprios Titãs e, mais recentemente, em parceria com Elza Soares. “Mas essa com o Instituto Anelo ficou muito bacana, tem sua cara, sua personalidade”, diz.

Bellotto diz que trabalhar com o Anelo é sempre uma experiência muito gratificante, porque o que permeia todo o projeto é uma energia muito grande de solidariedade. “E essa solidariedade expressada pela música torna tudo especial. É muito legal ver músicos de alto gabarito formados nesse projeto tão interessante, tão solidário e tão amoroso na acepção mais profunda da palavra. Vale mais do que qualquer coisa, do que dinheiro, do que sucesso. Participar de um projeto com tanta energia, com tanta verdade, com tanto carinho, com tanta solidariedade, é o que conta”, afirma. “Foi muito bom fazermos mais essa parceria musical com o Instituto Anelo”, conclui Branco.