A filósofa e apresentadora do programa “Saia Justa” (GNT), Marcia Tiburi, realizou no último dia 09/03 uma palestra como parte do evento “Para Elas”, realizado pelo Iguatemi Campinas. Intitulado “O que quer uma mulher? O lugar do desejo feminino hoje”, o debate reuniu cerca de 300 pessoas – entre homens e mulheres – na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.
O evento foi aberto pela jornalista Edlaine Garcia, da EPTV e contou com a participação direta do público, que pode fazer perguntas e tirar dúvidas com a palestrante.
Na primeira parte da palestra Marcia Tiburi comentou sobre a presença das mulheres na história. “No colégio e na faculdade estudamos a história dos homens. Mas muitos perguntam-se:’onde estavam as mulheres?’ Antigamente as mulheres não importavam, sua presença no mundo não era levada em consideração. Com o tempo isto foi mudando”, afirmou.
Marcia explicou ao público que muitos filósofos antigos colocavam as mulheres como seres não-pensantes, cuja utilidade principal era apenas “figurar” ao lado de figuras masculinas. “Muitos consideravam que as mulheres existiam apenas para servir os homens. Era uma ideia de restrição, de submissão. A mulher não era vista como um ser da razão, mas da sensibilidade e do afeto. Resumidamente, tinha que ser bonita e burra”, disse.
Marcia Tiburi: “Muitos consideravam que as mulheres existiam apenas para servir os homens. Tinham que ser bonitas e burras”
A filósofa comentou a importância da Revolução Francesa como um primeiro impulso para o direito das mulheres e a importância do pensamento feminista. Segundo ela, falta nos dias atuais uma maior integração entre a ala feminina. “Os homens são e sempre foram muito unidos. Onde está a solidariedade entre as mulheres? Entre um homem e uma mulher, uma mulher escolherá sempre o homem para defendê-la. Devemos ser mais solidárias umas com as outras”, lembrou.
Na segunda parte do evento Marcia Tiburi comentou a questão do desejo feminino, tema central da palestra. “O desejo feminino é construído como se fosse o da ‘falta’. É como se nas mulheres sempre estivesse faltando alguma coisa, como se estivessem em desvantagem perante os homens. Há também a crença de que a mulher está sempre na busca de algo para se sentir completa, como um marido ou filhos. Uma mulher não precisa de um homem ao seu lado ou exercitar a maternidade para se sentir completa”, enfatizou.
Por fim, a palestrante comentou sobre a violência contra as mulheres e fez um alerta às presentes. “Hoje os meios de comunicação nem noticiam mais tanto a violência contra a mulher. Infelizmente a violência doméstica já se tornou algo ‘comum’. Temos que prestar bastante atenção a fatos como este”, colocou.
Fotos: Letícia Zuppi