O isolamento social motivado pela pandemia do novo coronavírus está incentivando transformações no dia a dia das pessoas. A arquitetura é uma delas. Com mais tempo em casa e em home office, espaços foram adequados para o trabalho e o lazer – mudanças de comportamento que interferem diretamente nos projetos de casas e apartamentos a partir de agora.
Em uma análise feita na ferramenta Trends, que compara a variação de buscas no Google em determinado período, no mês de maio, houve um aumento de 98% na pesquisa de “cama, mesa e banho” e 72% em “utensílios domésticos”, por exemplo. Praticidade, ambientes amplos e adaptáveis ao lazer e ao trabalho e maiores cuidados com a higienização farão parte dos novos projetos arquitetônicos no pós-pandemia.
A A.Yoshii – construtora de alto padrão que está há mais de 55 anos no mercado – começou a ajustar projetos diante da nova realidade de mercado. “Dentro deste conceito de ‘novo normal’, observamos que, durante o isolamento social, as pessoas estão buscando por mais conforto e bem-estar dentro de casa. Ter uma cozinha mais espaçosa volta a ter protagonismo. Áreas de jardinagem também ganham força, pois trazer o verde para dentro da residência ajuda a tornar o ambiente mais leve e aconchegante”, explica a arquiteta Ana Paula Pimentel.
Além do home office, a necessidade do isolamento social fez com que as pessoas fizessem mais refeições em casa, o que tornou-se um incentivo para as pessoas passarem mais tempo na cozinha. Desta forma, a arquiteta acredita que esses espaços precisarão ser ainda mais amplos, iluminados e ventilados.
Para a gerente de marketing da construtora, Maria Fernanda Benelli Vicente, é necessário entregar espaços de qualidade, estruturados e que tenham maior durabilidade. “Serão pontos essenciais na percepção do cliente em relação à qualidade do produto. A relação das pessoas com a casa mudou completamente durante a pandemia”, explica.
Mudanças nos projetos
Para apartamentos menores, a funcionalidade e o multiuso serão essenciais, como por exemplo adequar o quarto das crianças para receber uma área de estudos, ou varandas que servem tanto para lazer quanto para home office. Além disso, muitos projetos já incluem coworkings nas áreas comuns dos condomínios.
“O coworking é uma tendência em apartamentos com metragens menores, que não comportam espaço para o home office. Otimizar os espaços e adaptá-los para atender às necessidades serão pontos obrigatórios dentro dos projetos no novo normal”, ressalta a arquiteta.
Em Londrina (PR), Maringá (PR), Curitiba (PR) e Campinas (SP), cidades de atuação da A.Yoshii, houve um aumento significativo de entregas por delivery e e-commerce. “Observamos a tendência e a necessidade de projetar espaços pensados para receber esses produtos. As portarias precisam estar estruturadas e preparadas para as mudanças de comportamento dos moradores e oferecer, por exemplo, um concierge refrigerado para conservar a comida, e um espaço maior para armazenar produtos de e-commerce, por exemplo. São detalhes que fazem a diferença na hora de escolher o imóvel”, finaliza Maria Fernanda.