Estreia nesta sexta, 4 de novembro, no Teatro Amil, em Campinas, o espetáculo “Nem um dia se passa sem notícias suas”, com o ator Edson Celulari e seu sobrinho, Pedro Garcia Netto, no elenco. Com texto de Daniela Pereira de Carvalho e direção de Gilberto Gawronski, o espetáculo mostra emoções reveladas pelo tempo e pela lembrança.
Joaquim (Edson Celulari), um bem sucedido cirurgião, acaba de perder o pai e agora tem que se desfazer de todas as coisas que lhe pertenciam. À sua volta, o médico tem seu irmão caçula, Juliano. Nesse momento de mudanças, surge uma surpreendente revelação, fazendo Joaquim viver um delírio antes que seu passado e sua origem o abandone de vez no presente.
A peça se passa no tempo da memória e a enigmática explicação do enredo propõe uma surpresa crucial para o impacto da comédia dramática no espectador. Ao abordar temas como superação, reflexão e valorização da família e das lembranças que formam o ser humano, o espetáculo proporciona experiências marcantes às emoções.
Daniela Pereira de Carvalho escreveu o texto especialmente para os dois atores. “O Pedro estava fazendo uma peça com texto dela, que eu fui ver. Daniela nos encontrou e fez um convite para lermos um texto que ela estava preparando, pensando em uma atuação nossa. Após quase um ano, ela nos chamou para mostrar esse trabalho maravilhoso”, explica Edson Celulari.
O ator, habituado a espetáculos que demandam grandes estruturas de espaço e técnica, vive pela primeira vez a experiência de fazer um trabalho intimista. “Eu me sinto no colo do público, como se conversasse com a plateia”, brinca.
É o primeiro trabalho de tio e sobrinho juntos nos palcos. Pedro Garcia Netto fala que o encontro em uma peça sobre laços familiares não podia ser mais apropriado. Já no terceiro texto que interpreta da autora, ele conta que além da semelhança física com o tio, que deixa a encenação ainda mais realista, a montagem proporciona o encontro de duas gerações de atores com um saldo positivo para o público. “São formas diferentes e complementares de atuar, que trouxe um resultado muito bom para o palco. A semelhança e sintonia, que temos pelo parentesco, nos ajudou e o público percebe isso pelas emoções que a peça proporciona”, explica Netto.
Assim como Netto, o diretor Gilberto Gawroski também já trabalhou com outros textos da autora carioca. Neste trabalho, o diretor enxerga uma autora mais abrangente, capaz de seduzir ainda mais o público com a linguagem que propõe. “Todos temos saudades de comidas que um dia fizeram parte do nosso cardápio cotidiano, de músicas que não saiam de nossa vitrola, e de livros que habitaram por muito tempo nossa mesa de cabeceira. Elementos como estes estão neste trabalho de Daniela, que aproximam muito a plateia pela identificação”, diz Gawroski.
O diretor buscou se distanciar ao máximo do melodrama nesta montagem. “Há citações de poesia e referências musicais no texto, mas isso não o deixa melodramático. É um mergulho numa memória que todos temos, que não são necessariamente trágicas, mas momentos que nos emocionam e impulsionam para que a vida continue”, conta sobre o processo de direção do espetáculo que evitou exageros. “Fiquei surpreso ao ver a reação da plateia, ao se emocionarem com coisas banais, o extraordinário é o corriqueiro”, analisa.
Sobre o público, o diretor completa ao dizer que, quando alguém vai ao teatro, se presenteia com a possibilidade de se emocionar. “O ser humano anda carente de tempo para as emoções. Ter tempo para si, para compartilhar com familiares ou entes queridos no mundo estressante que vivemos já é um luxo. Ir ao teatro pode ser possibilidade para isso”, afirma Gawronski.
A peça pode ser assistida às sextas, 21h, sábados 20h e 22h e domingos, 19h, até 20/11. Atenção: não haverá a sessão do dia 05/11, às 20h.
Foto: Camila Coutinho