Um, dois, três, dez mil. Na telinha do relógio ou do celular, a contagem progressiva vai mostrando quantos passos você deu para ir ao mercado, à padaria ou na caminhada no fim do dia. É uma forma de controlar sua atividade física, claro, mas, afinal, quantos passos é preciso dar por dia para se manter saudável?
Os smartwatches viraram febre no Brasil ao longo dos últimos anos. Desenvolvidos pelas grandes empresas de tecnologia do mundo, como Apple, Samsung e Huawei, os aparelhos se tornam cada vez mais tecnológicos e precisos – e começam a fazer parte da rotina de cuidados com a saúde.
Para o doutor em Ciências da Saúde e coordenador do curso de Educação Física da Universidade Positivo, Zair Cândido de Oliveira Netto, essa é uma forma prática de monitorar o nível de atividade física diária e, até mesmo, de respeitar os próprios limites, desde que haja um acompanhamento feito por profissionais. “É importante consultar um cardiologista, principalmente se a pessoa é sedentária, está acima do peso ou tem uma dieta desregulada, com muito carboidrato, muita gordura ou consumo excessivo de álcool”, explica.
O cardiologista pode, junto do paciente, calcular os limites apropriados de atividade física para cada caso – e o smartwatch ajuda a se manter dentro desses limites. “Do contrário, quando você acelera os batimentos cardíacos e aumenta a pressão arterial – o que acontece durante os exercícios – há o risco de deslocar placas de gordura de alguma artéria ou entupir um capilar do sistema nervoso central, por exemplo, e acarretar um problema sério de saúde”, alerta. Com esses equipamentos, é possível monitorar o nível de atividade que se quer atingir, e até programar alertas para quando esse nível for ultrapassado.
Um passo de cada vez
Qualquer atividade física é melhor que nenhuma atividade física. No entanto, quando se trata de melhorar o condicionamento e fortalecer o sistema cardiovascular, o ritmo conta muito. Segundo Zair Netto, o ideal é cumprir entre sete e dez mil passos por dia. Isso equivale a aproximadamente nove quilômetros percorridos. “Se eu der quatro mil passos, estarei caminhando três quilômetros, o que é pouco para os sistemas cardiovascular e muscular”, afirma.
Também é importante saber de que forma esses passos estão sendo dados. “Se as passadas são aleatórias, por exemplo, para ir à padaria ou ao trabalho, é provável que não estejam servindo para fortalecer o organismo.” A melhor opção é destinar um tempo diário a fazer uma caminhada em bom ritmo ou uma corrida. “Dessa forma, há um ganho melhor porque mantém-se a frequência cardíaca mais elevada, um ritmo muscular mais adequado. Isso agrega mais valores fisiológicos à atividade física”, detalha.
Não há um ideal universal. Segundo o especialista, cada organismo tem suas próprias necessidades e limitações, que precisam ser respeitadas. Segundo ele, para um exercício físico ser proveitoso, muitos fatores devem ser levados em conta. Intensidade, idade do praticante, nível de condicionamento físico, roupas e calçados escolhidos, temperatura do ambiente, umidade do ar e alimentação prévia são apenas alguns deles.
“De forma genérica, eu aconselharia entre 40 e 50 minutos de caminhada por dia, de cinco a seis vezes por semana. Assim, somaremos ao menos 5 quilômetros de caminhada, ou quase seis mil passos. Somada à rotina, teríamos cerca de sete ou oito mil passos diários, o que é um bom número”, pontua o especialista. Ele considera que algo em torno de 200 minutos de atividade física por semana já é um nível adequado para reduzir os riscos cardiovasculares, que atingem principalmente os mais sedentários.
Por fim, os aparelhos de contagem de passos ajudam a manter um histórico importante de saúde porque fornecem informações sobre movimentação, gasto calórico, batimentos cardíacos, pressão arterial, entre outras. “Se houver acompanhamento com educador físico e nutricionista, é possível montar uma rotina muito saudável para o usuário”, finaliza.