Em pauta: um raio x da mensalidade escolar

  • 9 de fevereiro de 2022
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Professores, água, luz, internet, limpeza, manutenção, aluguel, telefone. Os custos para se manter uma escola funcionando são diversos, complexos e podem variar de uma instituição para outra. No entanto, observando algumas margens, é possível entender melhor de que forma a escola que você paga para seu filho está empregando o dinheiro da mensalidade.

Avaliar se uma escola é adequada, do ponto de vista financeiro, pode ser um pouco mais complexo. Para o coordenador pedagógico Fernando Vargas, da Conquista Solução Educacional, essa é uma análise que passa pela compreensão dos gastos que a instituição de ensino precisa ter para manter sua estrutura física e humana. “Quando se fala em ensino, não é só a quantidade que importa, mas principalmente a qualidade. Alguns professores são mais caros que outros e isso está muito relacionado ao que eles entregam em sala de aula”, afirma.

De acordo com o Ronaldo Casagrande, vice-presidente do Instituto Casagrande, especializado em gestão educacional, “desde que os pais possam pagar por ela, uma escola nunca é cara. Ela só se torna cara se você achar que o benefício que está sendo recebido não está de acordo com o que está sendo pago”, diz. O especialista explica que, sendo a Educação o principal investimento que uma família pode fazer nas crianças e adolescentes, ele precisa ser encarado sob o ponto de vista das vantagens que traz. Por isso, é tão importante acompanhar o desenvolvimento dos estudantes no dia a dia. Só assim será possível compreender se a escola em que eles estudam está ou não entregando o “prometido”, ou seja, se o investimento que está sendo feito pela família na formação do filho está condizente com a entrega esperada.

Tabela básica

Embora sejam subjetivos em certo nível, a maior parte dos custos envolvidos na gestão de uma escola pode – e deve – respeitar a uma tabela geral. Afinal, como lembra Casagrande, a área financeira é uma das mais relevantes para garantir que as instituições sejam sustentáveis no longo prazo.

Ele detalha que, em escolas relativamente bem administradas, os custos com pessoal não devem ultrapassar a metade do valor da receita. “Algumas passam um pouco disso, mas o ideal é não passar dos 55% do faturamento”, alerta. Segundo Casagrande, ⅔ desse valor devem ser para o corpo docente e o outro ⅓, para a equipe administrativa. Portanto, do ponto de vista dos pais, é fundamental entender que metade do que está sendo pago tem como destino a folha de pagamento da escola.

Por sua vez, o aluguel, quando existe, não pode levar mais que 8% da receita. Isso falando de forma geral. Casagrande destaca que, dependendo do nível de atuação da escola (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio), do seu posicionamento (escola premium ou escola de conveniência), e da sua personalidade jurídica (filantrópica ou com fins lucrativos), esses percentuais podem variar. Ele também ressalta que os demais custos da escola (marketing, água, luz, internet, materiais diversos, entre outros) devem ser monitorados constantemente. “Primeiramente, a escola deve ter mecanismos de apuração de seus custos. Em segundo lugar, deve buscar parâmetros de mercado para entender o que é razoável gastar em cada categoria, estabelecendo limites de gastos. Em terceiro, é preciso que ela aja constantemente de forma a fazer com que esses custos não extrapolem as referências estabelecidas”, diz. No entanto, ele pontua que o maior controle deve se dar na folha de pagamento. Ela é normalmente a vilã que leva as instituições a terem problemas em suas finanças. Essas são as duas maiores fatias de custo: pessoal e aluguel. Os demais, como marketing, água, luz, internet, entre outros, também precisam ser constantemente revistos, mas não chegam a ser determinantes para o valor da mensalidade.

O mito da quantidade x qualidade

A Educação é uma missão e, por isso, muitas pessoas se esquecem de que escolas também são empresas. E, como qualquer empresa, elas precisam entregar bons resultados para seus alunos, mas, também, gerar lucro. É preciso compreender que quantidade e qualidade podem, sim, andar juntas. Os cursinhos preparatórios, por exemplo, costumam ter centenas de estudantes na mesma sala de aula e, ainda assim, ensinar com qualidade. Isso acontece porque as equipes de professores são muito bem preparadas, constantemente treinadas e, principalmente, porque os alunos compreendem que estão ali para aprender.

Na Educação Básica, esse processo é mais difícil porque as crianças e adolescentes ainda não têm esse comprometimento. Uma forma de gerar essa consciência é aproximar os pais da rotina de estudos e permitir que eles participem ativamente da vida escolar dos filhos.

Nesse sentido, nem sempre uma turma com menos alunos será melhor para a aprendizagem. Além disso, do ponto de vista da escola, turmas muito reduzidas podem representar perdas financeiras. “O grande segredo de uma escola bem administrada é otimizar o número de alunos em cada turma. Às vezes, vale mais a pena ter menos alunos, no total, em turmas bem otimizadas, que mais alunos, só que em turmas menores”, diz Casagrande.

Compare maçãs com maçãs

É claro que, quando se está escolhendo uma escola, o valor da mensalidade precisa ser levado em consideração. Mas ele só deve ser comparado entre escolas que oferecem benefícios parecidos. Para isso, vale observar a estrutura física – a escola tem pátios externos, piscina, parquinho, salas específicas para aulas especiais, como dança, por exemplo? – e também as vantagens subjetivas – quem são os professores, qual o método de ensino empregado, há serviços extra-classe, como acompanhamento psicológico? Outro fator a ser levado em conta é a região em que ela se encontra. Os preços entre diferentes regiões do país, cidades e até mesmo bairros podem variar muito e só são comparáveis a outras escolas do mesmo local. Como pontua Vargas, “o valor de uma escola não está na mensalidade cobrada por ela, mas no quanto ela contribui para que nossos filhos se desenvolvam enquanto estudantes e cidadãos”.